Toco de eucalipto: saiba como manejá-lo
Uma das principais dúvidas sobre a eucaliptocultura é o destino que se dá aos tocos de eucalipto (também chamado de cepas) que permanecem no solo após a colheita.
Existem basicamente dois caminhos para o manejo do toco de eucalipto. Para definir qual seguir, é preciso, primeiramente, saber qual destino terá a área em que ocorreu a colheita das árvores.
Nesse artigo, vamos esclarecer esse assunto a partir de duas perspectivas:
- 1. Continuar cultivando eucalipto;
- 2. Alterar o cultivo para outra cultura na área anteriormente cultivada com eucalipto.
1. O que fazer com o toco de eucalipto quando houver interesse em permanecer com essa cultura
a) Rebrote
Uma característica muito interessante do eucalipto é a sua capacidade de rebrotar.
Por meio de uma técnica de manejo florestal chamada talhadia, o toco pode ser conduzido para a rebrota, garantindo a pronta regeneração da floresta.
Para um bom aproveitamento da rebrota, é essencial investir em práticas silviculturais adequadas, que devem começar antes mesmo da colheita. Veja algumas abaixo:
- Opte por espécies de eucalipto com material genético de boa qualidade e bom índice de rebrota;
- Fique atento à idade das árvores, pois muitas espécies não rebrotam bem quando o corte é realizado com mais de 7 anos;
- Realize um controle de formigas e de plantas daninhas, pelo menos 30 dias antes do corte das árvores;
- Observe a época de corte. Os melhores resultados já encontrados foram registrados em períodos chuvosos, garantindo maior disponibilidade de água no solo. Por isso, evite períodos de secas e geadas;
- Atente-se para a altura do corte. O toco de eucalipto deve ter entre 10 e 15cm do solo;
- O diâmetro também influencia a rebrota. Cepas menores de 10 cm e maiores que 20 cm de diâmetro tendem a apresentar alta mortalidade;
- O cuidado na realização do corte também influencia na rebrota. É importante fazê-lo de forma a não deixar sinuosidades ou rugosidades, evitando danos às cepas;
- A quantidade de rotações também afeta o resultado da rebrota. Conforme avança o número de rotações, a produtividade tende a cair;
- Os resíduos da colheita (folhas, cascas e galhos) não devem ficar sobre os tocos de eucalipto, sob risco de abafá-los, dificultando assim a rebrota;
- É recomendado realizar uma seleção de brotos, deixando de dois a três em cada cepa. Opte pelos mais vigorosos, retos e sadios. Essa seleção é feita por meio da atividade de desbrota.
- Os cuidados com o solo também são fundamentais nesta fase. Investir em adubação de manutenção e utilizar práticas preventivas à compactação são estratégias que contribuem com melhores resultados da rebrota.
b) Reforma ou alto fuste
Quando ainda é desejado plantar eucalipto, mas a rebrota não for mais possível ou haver a necessidade de substituir os genótipos atuais por novos materiais genéticos, pode-se recorrer à reforma.
Nessa modalidade de manejo florestal, o corte das árvores é feito de modo a deixar as cepas de eucalipto bem rentes ao solo.
O plantio das novas mudas é feito, então, entre as linhas do plantio anterior.
2. O que fazer com o toco de eucalipto quando NÃO houver mais interesse nessa cultura:
a) Decomposição natural
A decomposição dos tocos de eucalipto é um processo que ocorre naturalmente. Após a colheita, basta inibir a sua regeneração por meio de uma aplicação de herbicida para que se inicie o processo de decomposição por meio de ações de elementos orgânicos.
O tempo de decomposição dos tocos depende de fatores como idade do corte do eucalipto, material genético e condições ambientais. Por exemplo, em locais com altos níveis de precipitações de chuva, a decomposição pode levar de 6 a 8 anos.
Até o momento, não há no mercado um produto capaz de acelerar o processo de decomposição. Há a possibilidade de utilizar fungos nos tocos, mas essa metodologia ainda se encontra em fase de testes.
b) Destoca
A destoca é outra alternativa para um melhor aproveitamento do toco de eucalipto. Este procedimento é realizado de forma mecanizada, podendo ser utilizados escavadeiras hidráulicas ou implementos específicos.
Porém, esta atividade possui um alto custo operacional e consiste no arranque dos tocos, que são retirados das áreas, enleirados, picados e destinados para diferentes usos, como a queima para geração de energia.
Outra preocupação que tange a utilização de máquinas para destoca diz respeito ao impacto ambiental, uma vez em que há o revolvimento da camada fértil do solo. Por isso, é necessário realizar estudos e adaptações com o objetivo de minimizar estes efeitos, removendo o mínimo possível do solo.
3. Aproveitamento do toco de eucalipto para produção de bioenergia de biomassa florestal
As cepas de eucalipto podem ser descartadas de forma sustentável.
Isso porque os subprodutos florestais, como o toco de eucalipto e suas raízes, são excelentes opções para a geração de energia a partir da biomassa.
A biomassa florestal é feita a partir de materiais orgânicos, vivos ou mortos, sintetizados pelas árvores. Pode ser produzida a partir de florestas cultivadas com esta finalidade, ou a partir dos resíduos provenientes da sua colheita.
Por meio da destoca, estes tocos podem ser retirados do solo, picados, armazenados e vendidos a indústrias que se dedicam à geração de energias renováveis, resultando, portanto, em lucro para o produtor do eucalipto e redução das emissões dos gases do efeito estufa, a partir da substituição da matriz energética do país, ou seja, trocar os combustíveis fósseis por fontes renováveis de energia.
Porém, é importante avaliar a oferta e demanda por madeira na região, além dos custos operacionais para possibilitar a obtenção de lucro e redução dos riscos de prejuízos financeiros.
Devido a importância do tema, em 2015, o projeto de lei 1.291 dispôs sobre a Política Nacional de Biocombustíveis Florestais. Nele, o toco de eucalipto e de outras espécies foi considerado uma fonte alternativa, estratégica e sustentável para a produção de biocombustíveis florestais.
Além de estar alinhada à política governamental e às metas mundiais de combate às mudanças climáticas, a utilização de toco de eucalipto para essa finalidade também promove a limpeza da área onde a floresta foi cultivada, facilitando as operações de silvicultura e a renovação dos plantios.
Em resumo
Como vimos, o eucalipto é uma cultura rentável, já que sua capacidade de produzir e gerar lucro não termina com a primeira colheita.
Após o corte da floresta, é possível investir na rebrota do toco de eucalipto ou na reforma da área, para dar continuidade à produção, ou caso o objetivo seja destinar a área para outra atividade, é possível deixar os tocos se decomporem ou realizar a destoca.
As cepas destocadas, juntamente com outros resíduos vegetais, como raízes e galhos, podemser vendidas para a produção de biomassa.
Essa última opção é uma alternativa sustentável de geração de energia que se populariza cada vez mais, impulsionada e alinhada às políticas de controle das mudanças climáticas a nível mundial.
Ao optar por plantar outras culturas, é possível fazer isso desde que, anteriormente, no manejo da floresta de eucalipto, o 2º ciclo de cultivo dessa árvore tenha sido feito entre tocos, deixando as linhas livre para outros tipos de cultura.
Se você chegou até aqui e ficou com alguma dúvida sobre o manejo do toco de eucalipto na sua propriedade, escreva nos comentários abaixo, teremos prazer em lhe responder!
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Achei mto interessante as explicações.Minha fazenda tem plantação de eucalipto desde2002,mas tem MTA formiga.
Olá Auxiliadora, tudo bem?
Para a manutenção das populações de formigas cortadeiras abaixo do nível de dano econômico, é necessário a identificação da espécie, o monitoramento dos formigueiros e a aplicação do melhor método de controle.
Recomendamos consultar um profissional especializado para análise correta do cenário da sua propriedade.
Forte abraço!!