Como prevenir a matocompetição nas plantações de eucalipto
Como prevenir e controlar a matocompetição nas plantações de eucalipto

Como prevenir e controlar a matocompetição nas plantações de eucalipto

A matocompetição é um problema enfrentado em diferentes tipos de cultivo, desde hortas e pomares até lavouras de produção de grãos e plantações de eucalipto. 

Nesse artigo, vamos explicar o que é matocompetição, porque ela afeta a produtividade de florestas plantadas de eucalipto e como evitá-la. 

O que é matocompetição?

Matocompetição é um processo no qual plantas daninhas competem com a cultura de  interesse por recursos naturais, como luz, água e nutrientes. 

Planta daninha (popularmente conhecido como mato) é aquela que ocorre onde não é desejada. Ou seja, é qualquer planta que se estabeleça espontaneamente em um cultivo de interesse, colocando em risco o potencial produtivo da cultura.

Portanto, mesmo as plantas cultivadas podem ser consideradas daninhas quando se apresentam em condições indesejadas.

Por que a matocompetição é danosa para as plantações de eucalipto?

As plantas daninhas, quando não manejadas corretamente nas florestas de eucalipto, podem causar perdas significativas na produtividade e elevar os custos da produção.

Ademais, elas podem ser hospedeiras de pragas e doenças, oferecer risco de incêndios e dificultar tratos culturais e a colheita. 

A exemplo disso, quando a matocompetição acontece no período inicial do cultivo do eucalipto, é possível que as perdas em produtividade cheguem perto de incríveis 80%. 

Esses prejuízos podem variar de acordo com alguns fatores, como a espécie de planta daninha, a sua densidade e distribuição, época, duração e período em que ocorre a matocompetição.

Práticas para EVITAR a matocompetição

Para impedir que a matocompetição impacte o potencial produtivo da floresta, é preciso realizar um manejo correto e eficiente de plantas daninhas, principalmente evitando a entrada de plantas não comuns naquele local. 

Veja abaixo algumas práticas preventivas: 

  1. Fazer a limpeza de máquinas e implementos agrícolas para evitar que disseminem sementes de espécies indesejadas e/ou partes de plantas que se propagam vegetativamente.
  2. Usar mudas de viveiros certificados, pois estes possuem controle de qualidade na produção.
  3. Ter cuidado para que animais de criação não se locomovam entre áreas infestadas, principalmente aquelas onde há plantas de difícil controle;
  4. Plantar no limpo, garantindo que a área em que a cultura será implantada esteja livre de plantas daninhas.

Práticas para CORRIGIR a matocompetição

Quando não for possível prevenir as plantas daninhas, é preciso agir cedo para minimizar os possíveis danos, reduzindo seus efeitos sobre a floresta.

Esse controle também visa reduzir o banco de sementes destas plantas, garantir segurança ao ambiente e ao homem, e, por fim, minimizar os custos de produção.

Existem alguns métodos de controle que podem ser aplicados de forma integrada, de acordo com a necessidade de cada caso. Conheça abaixo:

1) Controle mecânico

Consiste no controle de plantas daninhas pela utilização de roçadeiras manuais ou acopladas em implementos agrícolas. As plantas daninhas também podem ser retiradas de forma manual (enxada). No entanto, a demanda de mão-de-obra desta operação a torna inviável para grandes áreas de florestas.

2) Controle físico

Neste método, pode-se utilizar os próprios resíduos da colheita, que funcionam como uma barreira física para impedir a emergência das plantas daninhas. 

3) Controle químico

É o método de controle de plantas daninhas muito utilizado em florestas plantadas de eucalipto. É realizado pelo uso de herbicidas capazes de eliminar ou suprimir espécies específicas de plantas daninhas.

Ao utilizar estes produtos, é importante conhecer as suas características físico-químicas, seus mecanismos de ação, bem como seguir obrigatoriamente as especificações de uso, como por exemplo a dosagem e forma de aplicação. O mau uso dos herbicidas, principalmente o uso repetido de um mesmo produto, pode ocasionar a seleção de plantas daninhas de difícil controle e assim, aumentar o custo do manejo. Um engenheiro florestal ou agrônomo devem ser procurados para fazer a melhor recomendação de controle químico.

Os herbicidas podem ser classificados de acordo com a sua época de aplicação (pré-emergência ou pós-emergência), a sua seletividade (seletivos ou não seletivos), a sua mobilidade (ação de contato ou sistêmica) ou, ainda, de acordo com o seu mecanismo de ação.

Exemplo: o glifosato é aplicado depois que as plantas daninhas já emergiram (pós-emergência), é não seletivo para a cultura do eucalipto (pode até causar a morte do eucalipto), sistêmico (se move dentro da planta) e pertencente ao mecanismo de ação da EPSPs (inibe a produção dos aminoácidos fenilalanina, triptofano e tirosina).

4) Controle biológico

Este método é baseado na utilização de predadores das plantas daninhas, como animais capazes de pastejar as espécies invasoras.

5) Controle cultural

Consiste na utilização das características da cultura e do meio ambiente para favorecer o desenvolvimento da própria cultura. Abaixo citamos algumas dessas práticas: 

  • Uso de materiais genéticos adaptados à região de plantio e que possuam rápido crescimento e fechamento da copa. Eles devem apresentar maior resistência ou tolerância a doenças e pragas predominantes na área.
  • Controle da densidade populacional por unidade de área, para não limitar a disponibilidade hídrica e de nutrientes.
  • Espaçamento adequado entre as plantas, visando o fechamento mais rápido das copas e, consequentemente, a diminuição da incidência de luz no solo e, com isso, a redução da matocompetição.

Leia também – “Quantos pés de eucalipto por hectare posso plantar?” Descubra agora

O manejo integrado de plantas daninhas em florestas de eucalipto 

Como vimos, existem diversas formas de evitar ou mitigar os efeitos da matocompetição nas florestas plantadas. Mas para realizarmos um controle realmente eficiente das plantas daninhas, é preciso olhar o sistema produtivo como um todo e, com isso, investir continuamente em boas práticas de manejo com o objetivo de controlar o surgimento dessas plantas não desejadas.

É por isso que o chamado manejo integrado de plantas daninhas é, certamente, a melhor forma de combater a matocompetição.

Esse manejo integrado nada mais é do que a adoção de um conjunto de boas práticas, que resulta em um controle mais eficiente das plantas indesejadas. 

Trata-se, assim, da combinação dos métodos de controle citados anteriormente, cujo objetivo é gerar maior assertividade na prevenção e controle das plantas daninhas, com o menor custo possível.

A diversificação dos métodos de controle é indicada, uma vez que não existe um método que seja eficiente em todas as circunstâncias e ambientes. 

Além disso, a diversidade contribui para a redução dos custos de produção, tornando o controle mais estratégico e o sistema mais sustentável.

Em resumo

A matocompetição é uma ameaça ao potencial produtivo de florestas plantadas de eucalipto, já que promove uma concorrência por recursos essenciais para o bom desenvolvimento das plantas.

A melhor forma de combatê-la se dá por meio do chamado manejo integrado de plantas daninhas, que compreende um conjunto de boas práticas cujo resultado é um controle mais amplo, efetivo e sustentável das plantas indesejadas.

Você tem ou já teve problemas com a infestação de plantas daninhas em sua propriedade? Conmpartilhe a sua sua experiência conosco nos comentários!

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Autor

Edicarlos Batista de Castro

Engenheiro Agrônomo (UFMG), Doutor e Mestre em Plantas Daninhas pelo Programa de pós-graduação em Agronomia – Proteção de Plantas (UNESP). Edicarlos fez estágio e trabalhou como pesquisador em plantas daninhas na Mississippi State University - EUA (2017 - 2022). Desde 2022, ocupa o cargo de Pesquisador de plantas daninhas na Empresa Bracell, sendo responsável por gerar as recomendações técnicas de manejo de plantas daninhas na cultura do eucalipto, conduzir pesquisas e comunicar os seus resultados

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Comentários

Excelente artigo, enriquecendo o conhecimento sobre mato competição, parabéns Edcarlos pela publicação.

Olá Rafael, tudo bem?

Muito obrigada pelo seu comentário. Ficamos muito felizes que tenha gostado do texto.
Volte mais vezes, toda semana publicamos novos conteúdos.

Forte abraço!!!

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