Cultivo mínimo: como a técnica é aplicada em florestas pelo Brasil
Cultivo mínimo: como a técnica é aplicada em florestas plantadas pelo Brasil

Cultivo mínimo: como a técnica é aplicada em florestas plantadas pelo Brasil

O cultivo mínimo é uma técnica conservacionista empregada pela silvicultura e que reflete em inúmeros benefícios para a produção, além de contribuir para a sustentabilidade do meio ambiente. 

Neste artigo, você vai entender em qual contexto surgiu o chamado Sistema de Cultivo Mínimo, como funciona e quais os benefícios da sua utilização. Continue conosco. 

Surgimento do cultivo mínimo

Com o desenvolvimento do cultivo de florestas plantadas, o setor experimentou uma grande evolução nas técnicas empregadas na produção. Uma dessas melhorias foi a utilização do cultivo mínimo. 

Similar ao plantio direto na agricultura, o cultivo mínimo é uma técnica aplicada à silvicultura que nasceu da iniciativa privada e representou, basicamente, a abolição das queimadas dos resíduos vegetais pós-colheitas (folhas, galhos e cascas), e a manutenção destes sobre o solo. Esta é uma importante marca dessa técnica e foi o que lhe deu grande destaque. 

A adaptação do cultivo mínimo ao processo produtivo, ou deste ao cultivo mínimo, não foi simples. O manejo do solo, por exemplo, teve que sofrer adaptação nos equipamentos de preparo de solo e, inclusive, equipamentos foram desenvolvidos para essa atividade, a exemplo do subsolador florestal. 

<< Leia também: Entenda as diferenças entre plantio direto e convencional >>

Como era a atividade silvicultural antes do cultivo mínimo

Para dimensionarmos a importância dessa técnica, precisamos entender algumas práticas que eram comuns nas atividades florestais antes que o setor implementasse o cultivo mínimo e outras iniciativas conservacionistas. Vejamos algumas mais comuns:

  • Queimadas – sem dúvida, esse é um dos maiores problemas enfrentados pela silvicultura, tanto do ponto de vista financeiro, quanto do ambiental. Sejam  intencionais ou acidentais, as queimadas também eliminam os restos culturais do solo, deixando-o exposto e, por consequência, vulnerável ao ressecamento e à erosão. Além disso, causam a diminuição da capacidade produtiva do solo, afetam a diversidade da fauna e contribuem para o agravamento do efeito estufa a partir da emissão de gases como CO e CO2. Antigamente, era comum recorrer a queimadas para eliminar os resíduos com o intuito de preparar o solo para a implantação de um cultivo subsequente.
  • Remoção dos resíduos florestais – a retirada das folhas, galhos e cascas é uma prática altamente prejudicial para o solo, afetando diretamente a sua produtividade. Quando retiramos estes resíduos, deixamos de aportar no solo quantidades consideráveis de matéria orgânica, causando a diminuição de sua atividade biológica. Como efeito, podemos registrar o aumento dos riscos de infecção de plantas por microrganismos patogênicos e bactérias, bem como a diminuição da fertilidade do solo. Quanto mais resíduos forem retirados do solo, maior será a perda do seu potencial produtivo, o que pode chegar a 40% quando houver uma remoção total. 

Com a evolução da silvicultura ao longo dos anos, o setor passou a tomar consciência dos malefícios destas práticas. 

A busca por informação e o aprimoramento do manejo resultou na adoção de técnicas mais vanguardistas, atualmente conhecidas como Sistema de Cultivo Mínimo. 

Principais diretrizes do cultivo mínimo

Como podemos perceber, com o advento da técnica do cultivo mínimo, o setor de florestas plantadas passou a empregar um novo olhar para o solo e os resíduos vegetais. Vejamos a seguir as principais diretrizes que garantem as boas práticas do cultivo mínimo: 

  • Manter pelo menos 70% de toda a superfície do solo coberta com resíduos;
  • Retirar resíduos lenhosos apenas quando necessário, deixando o restante sobre o solo;
  • Os nutrientes removidos por meio da retirada dos resíduos lenhosos ou de madeira eventualmente não descascada no campo devem ser repostos por meio de fertilização; 
  • A fertilização deve ser feita com base na análise de solo, coletado abaixo da camada de resíduos, e não deve subtrair da quantidade aplicada os nutrientes disponíveis nos resíduos, visando efetivamente garantir a sustentabilidade da fertilidade do solo;
  • Técnicas de conservação do solo devem ser adotadas, sempre que necessário, em áreas susceptíveis à erosão.
  • O solo é preparado de forma localizada, nas linhas ou nas covas de plantio.

Benefícios do cultivo mínimo

São inúmeras as vantagens de se aplicar as técnicas conservacionistas do cultivo mínimo, tanto do ponto de vista técnico, quanto dos pontos de vista ambiental e econômico. 

Listamos abaixo alguns dos principais benefícios: 

  1. Racionaliza a necessidade de preparo de solo e o uso de corretivos e fertilizantes;
  2. Conserva e recupera as características estruturais e funcionais do solo;
  3. Melhora a fertilidade do solo e a produtividade dos cultivos;
  4. Protege o solo contra a erosão;
  5. Diminui a infestação de plantas daninhas;
  6. Aumenta a conservação da umidade do solo e provê maior quantidade de água limpa para os mananciais.

< < Leia também: Saiba como fazer a correção do solo para aumentar a produtividade agrícola > > 

Conclusão

A Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq/USP) estima que mais de 85% das plantações florestais atualmente sejam desenvolvidas sob o Sistema de Cultivo Mínimo. 

A técnica é uma das grandes responsáveis para que o Brasil se tornasse mundialmente reconhecido como um promotor de boas práticas silviculturais e ecológicas. 

Nós, da Bracell, estamos engajados na luta por uma produção florestal conservacionista e ecologicamente responsável. 

É pensando nisso que empregamos o Sistema de Cultivo Mínimo em todas as nossas florestas plantadas de eucalipto. 

Caso tenha ficado com alguma dúvida, escreva abaixo nos comentários, que teremos o maior prazer em lhe responder! 

   

Autor

José Luiz Gava

Engenheiro Florestal, com mestrado em Manejo de Florestas de Produção, pela Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, Gava possui mais de 28 anos de experiência na área de nutrição e manejo da fertilidade do solo, atuando com recomendações técnicas para o manejo de florestas plantadas de eucalipto destinadas à produção de celulose e papel. Integra o time da Bracell desde 2017 como Especialista em Pesquisa e Desenvolvimento, sendo responsável por projetos de P&D relacionados ao mapeamento e ao manejo de solos, à definição dos ambientes de produção e ao desenvolvimento de tecnologias de manejo.




Autor

Iago Melo

Engenheiro Florestal, com mestrado em Solos e Qualidade de Ecossistemas pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Iago possui experiência nas áreas de ciência do solo e manejo florestal, atuando há 10 anos com Pesquisa e Desenvolvimento Florestal. Integra o time da Bracell na Bahia desde 2018 e atualmente ocupa o cargo de Pesquisador de manejo do solo, sendo responsável por todas as recomendações técnicas para mapeamento, classificação, conservação e preparo do solo.

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