Deserto verde: conheça a origem dessa expressão

O termo “deserto verde” surgiu na década de 1960, época de importantes transformações no Brasil. 

Neste período, as florestas nativas constituíam a maior fonte de matéria-prima para a indústria nacional de base florestal, responsável pela produção de madeira, papel e celulose, por exemplo. Entretanto, as práticas eram pouco sustentáveis, por ocasionar o desmatamento, e logo passaram a comprometer a eficiência do setor. 

Este cenário mudou de forma gradativa em meados da década de 60 quando, em 1965, o Código Florestal instituiu o incentivo fiscal para o reflorestamento.

 No ano seguinte, foi a vez da criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e, em 1967, iniciou-se uma nova política com reflorestamento em larga escala. 

A partir disso, houve registro de um expressivo crescimento no setor, impulsionado, sobretudo, pelos incentivos fiscais a programas de reflorestamento. Foi precisamente neste contexto que se observou um significativo desenvolvimento tecnológico do setor e a expansão de plantações de espécies exóticas pelo Brasil, principalmente de eucalipto.

Mesmo diante dessa popularização crescente, a falta de pesquisa científica acerca do eucalipto resultou em muitas falhas, como o plantio em áreas inadequadas, a escolha equivocada de espécies e a utilização de técnicas impróprias de manejo.

Como resultado deste cenário, alguns ambientalistas acreditaram que as florestas plantadas estariam causando desertificação e erosão do solo, além de não serem capazes de abrigar a biodiversidade e as comunidades tradicionais destes locais.

 Com isso, crenças como deserto verde passaram a ser disseminadas.

Mas com o aumento do conhecimento científico sobre o eucalipto e o desenvolvimento de práticas sustentáveis de manejo florestal, a eucaliptocultura praticada nos dias atuais no país difere muito do que era realizado no passado. 

Dessa forma, afirmar que o plantio de eucalipto resulta em desertificação verde é uma visão equivocada nos dias de hoje. Abaixo, será explicado o motivo dessa afirmação.

Primeiramente, o que é um deserto? 

Desertos são regiões que possuem clima seco e escassez de água, uma vez que o índice pluviométrico dificilmente supera os 400 milímetros de chuva por ano. 

Além da baixa umidade, os desertos possuem elevada amplitude térmica, o que significa que a diferença entre a máxima e a mínima temperatura registadas em um dia é grande, podendo superar 30 °C de amplitude entre o momento mais frio e o mais quente do dia.

Os desertos podem ser muito frios ou muito quentes, a depender da sua localização. Eles estão presentes em todos os continentes do planeta, com destaque para América, África e Ásia. 

Além disso, os desertos possuem as seguintes características:

• Os solos desérticos são compostos principalmente por areia, apresentando pouca matéria orgânica e, consequentemente, baixa fertilidade
• A hidrografia desses locais é formada, principalmente, por rios e lagos intermitentes, que desaparecem temporariamente durante períodos de estiagem.
• A fauna predominante no deserto é composta por répteis (serpentes e lagartos), animais roedores (ratos-cangurus) e insetos.
• Sobre a vegetação, a maioria das plantas do deserto são tolerantes à seca e à salinidade.

Desmistificando o deserto verde 

Considerando as características das regiões desérticas, é equivocado afirmar que as florestas plantadas de eucalipto são deserto verde pelos motivos que apresentaremos a seguir.

1) Plantar eucalipto preserva a fertilidade do solo 

Quando manejadas de forma correta, as plantações de eucalipto desempenham um importante papel na preservação da qualidade e da fertilidade do solo.

Primeiramente porque as empresas de base florestal que cultivam eucalipto, como a Bracell, realizam os seus plantios por meio de um manejo sustentável, utilizando técnicas como o cultivo mínimo, similar ao plantio direto, na agricultura.  

Essa técnica conservacionista consiste em manter no solo os resíduos da colheita da madeira que contribuem para melhorar a qualidade do solo. Galhos, folhas e cascas de árvores, além de serem fontes de nutrientes para o próximo plantio, protegem o solo, evitando processos de erosão desencadeados por excesso de chuvas e ventos. 

Além da ciclagem natural, para alcançar maior produtividade no cultivo de eucalipto, corretivos e condicionadores, como calcário, gesso e fertilizantes podem ser usados para repor os nutrientes como nitrogênio, potássio, fósforo, enxofre e micronutrientes que são extraídos da madeira.”

Por fim, o plantio em nível para áreas com maior declividade favorece a infiltração de água e a manutenção dos nutrientes no solo, diminuindo os riscos de erosão e lixiviação.  

Para aprofundar os seus conhecimentos sobre a relação entre eucalipto e solo, leia também: Verdade ou mito: plantação de eucalipto prejudica o solo?

2) O eucalipto é aliado na recuperação de solos degradados 

Além de contribuir com a fertilidade do solo, o eucalipto favorece a recuperação de solos degradados, como aponta um estudo da Embrapa Territorial.

Isso ocorre uma vez que as espécies exóticas de rápido crescimento, como o eucalipto, têm uma capacidade de sombreamento que favorece o desenvolvimento de sub-bosques, diminuindo a matocompetição com plantas invasoras agressivas (como as gramíneas) e tornando o ambiente mais permeável pela flora e fauna nativa. 

As copas das florestas de eucalipto, juntamente com a serapilheira resultante da queda de folhas e galhos, compõem um sistema natural e eficiente de prevenção de erosão e assoreamento nessas regiões uma vez que reduzem o impacto da água da chuva sobre a superfícies do solo.

Este ambiente se torna um habitat para os dispersores de sementes, como pássaros e outros polinizadores, que realizam a recolonização natural das espécies nativas. 

 3) Plantar eucalipto preserva rios e nascentes

O eucalipto é uma planta que é muito eficiente no que diz respeito ao aproveitamento hídrico e, quando bem manejada, colabora com a preservação de corpos d’água, reduzindo o assoreamento destes. 

A copa das florestas de eucalipto, junto da serapilheira gerada pela queda de suas folhas e galhos, formam um sistema eficaz de redução de erosão e assoreamento nessas áreas.

Outra característica das florestas de eucalipto é que elas retêm menos água nas copas de suas árvores quando comparadas com as florestas nativas de copas maiores. Isso faz com que mais água atinja o solo.  

Empresas de base florestal adotam práticas de manejo sustentáveis, que preservam as nascentes e corpos d’água. Algumas dessas práticas são: 

• Elaboração de mapas de uso e ocupação do solo para cada projeto de plantio de eucalipto, por meio de estratégias de microplanejamento. Nesses mapas, constam informações como a localização das nascentes e dos cursos d’agua.
• Uma vez que foi elaborado o mapa de uso e ocupação do solo, os plantios de eucalipto são feitos respeitando as delimitações de Área de Preservação Permanente (APP), como estabelecido pelo Código Florestal Brasileiro. Nas áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, por exemplo, qualquer que seja sua situação topográfica, são deixados 50 metros de raio, conforme exigido pela lei.
• Conservação das matas ciliares, fundamental para a proteção e preservação da qualidade dos recursos hídricos.

Para aprofundar os seus conhecimentos sobre a relação entre eucalipto e água, leia também: “Eucalipto seca nascente?” Nunca mais acredite nesse mito!

4) Plantar eucalipto preserva a biodiversidade

Uma boa prática adotada nas plantações de eucalipto é o mosaico florestal, técnica que intercala o plantio de árvores de espécies comerciais, como o eucalipto, com florestas nativas, preservando o ecossistema original. 

Nesse sentido, são mantidas as características locais que possibilitam a perpetuação das mais diversas espécies da fauna e da flora peculiares daquele ecossistema.

As plantações em mosaico permitem, por exemplo, que os animais silvestres transitem livremente entre as florestas, como é possível constatar nos resultados do Programa de Monitoramento da Biodiversidade para Conservação da Fauna e Flora da Bracell.

Realizado pela empresa desde 2016, o programa já registrou mais de 500 espécies de animais silvestres nas áreas de preservação ambiental da Bracell na Bahia. 

Além disso, a empresa possui o “Compromisso Um-Para-Um”, iniciativa inédita no setor de celulose brasileiro, que contribui com a conservação das áreas de vegetação nativa em tamanho igual às áreas de plantio.

De acordo com esse compromisso, para cada um hectare plantado de eucalipto, a Bracell se compromete com a proteção, conservação ou recuperação de um hectare de área nativa. A meta será alcançada até o final de 2025.

Além da conservação de áreas nativas existentes nas áreas de produção da Bracell, o compromisso apoia a conservação em áreas públicas e a recuperação de áreas degradadas por meio de parcerias com governos e outras instituições.

É dessa forma, respeitando as florestas nativas, que as empresas de base florestal atuam no Brasil. Os plantios destinados ao abastecimento destas indústrias são feitos em áreas rurais já consolidadas, sem provocar, portanto, o desmatamento de novos espaços.

Em resumo, plantar eucalipto não gera deserto verde

A partir de tudo o que explicamos nesse artigo, vimos que é equivocado associar as florestas plantadas de eucalipto à deserto verde. 

Enquanto que no deserto, o solo possui baixa fertilidade, os rios e lagos são intermitentes e a fauna é composta principalmente por répteis, roedores e insetos, o cenário das florestas de eucalipto é completamente diferente. 

Nelas, o solo é rico em matéria orgânica, os corpos d’água vizinhos são preservados e a fauna e flora existem em grande diversidade de espécies.    

Isso tudo é possível porque a indústria de base florestal brasileira é referência mundial em termos de sustentabilidade e produtividade, adotando práticas de manejo que conservam o meio ambiente.  

Da próxima vez que alguém afirmar que eucalipto gera deserto vede, compartilhe esse artigo com a pessoa!

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