"Eucalipto seca nascente?” Nunca mais acredite nesse mito!
“Eucalipto seca nascente?” Nunca mais acredite nesse mito!

“Eucalipto seca nascente?” Nunca mais acredite nesse mito!

É comum a crença de que o eucalipto seca nascente

Afirmações como essa começaram a ser difundidas no Brasil por volta das décadas de 60 e 70, ao mesmo tempo em que o cultivo de eucalipto passou a crescer em áreas de reflorestamento.

Neste período, o conhecimento sobre esta árvore, nativa da Oceania, era pequeno, o que abriu espaço para que alguns conceitos negativos sobre esta espécie se perpetuassem até os dias atuais. 

Ao longo deste artigo, vamos procurar desmistificar uma das ideias errôneas mais difundidas sobre esta planta, a de que o eucalipto seca nascente, explicando primeiramente o que é uma nascente e o que causa o esgotamento deste recurso. 

O que é uma nascente

Chamamos de nascente o local onde se inicia um curso d’água devido ao afloramento do lençol freático, que pode dar origem a rios, represas e córregos. 

Sua importância é fundamental, tanto para o equilíbrio do ecossistema, quanto para o fornecimento de água de qualidade para abastecer a população e a fauna local.

O entorno das nascentes é, por isso, considerado uma APP (Área de Preservação Permanente), devendo ser preservada em um raio mínimo de 50 metros.

Esta área tem a importante função de conter sedimentos, poluentes e proteger contra o assoreamento, por exemplo. 

Por ser uma APP, a descaracterização de uma nascente é considerada crime ambiental e a penalidade depende da gravidade da ação. O responsável pela área deve realizar a restauração do local e pode receber pena de detenção e multa.

No artigo “Como recuperar nascentes: veja essas 6 dicas de ouro”, você encontrará informações valiosas sobre esse processo.

Como uma nascente pode secar

Uma nascente pode secar por diversos motivos. Vamos citar alguns: 

Mudanças climáticas – o aumento da concentração dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera está alterando o clima do planeta. Um dos principais impactos dessa alteração é o aumento da temperatura média global, que pode impactar negativamente na disponibilidade de água, devido ao aumento das taxas de evaporação do solo e transpiração das plantas na região que abastece as nascentes.

Condições climáticas regionais – quem vive no campo sabe que nenhum ano é igual ao outro. Alguns anos são mais frios, outros mais chuvosos e assim por diante. Anos sucessivos de baixa precipitação, ou seja, de pouca chuva, podem reduzir o nível do lençol e fazer com que uma nascente seque durante esse período. Para anos muito chuvosos, nascentes que antes eram intermitentes (só tinham água durante a época das chuvas) podem ter água durante todo o ano.

Manejo florestal inadequado – o manejo não sustentável das regiões que abastecem as nascentes influencia diretamente a disponibilidade de água. Fatores como remoção das matas ciliares e usos que desfavorecem a conservação do solo, a exemplo de pastagens degradadas, tendem a aumentar a erosão (tanto laminar como em sulcos), aumentando o escoamento superficial e reduzindo a infiltração de água no solo. Assim, há o aumento da deposição de sedimentos na nascente, podendo assoreá-la, e consequentemente, interromper o fluxo de água na mesma.

Consumo de água pelas florestas de eucalipto

O mito de que o eucalipto seca nascente é herança da falta de informações adequadas sobre manejo, que marcou o início da expansão da cultura dessa planta no Brasil. Mas o cenário está bem diferente nos dias atuais. 

Atualmente, a maioria das empresas que cultiva eucalipto monitora o ciclo hidrológico da floresta, fornecendo dados que nos permitem afirmar que, quando bem manejados, os plantios de eucalipto além de não secarem nascentes, podem até contribuir positivamente com a produção de água.

 Veja algumas informações que corroboram esta afirmação:

  • O consumo de água do eucalipto é muito semelhante ao das florestas naturais. Porém, ele retém menos água em sua copa do que matas nativas, que possuem copas maiores. Isso permite que esta água alcance o solo mais rapidamente e reduza a taxa de evaporação na copa.
  • As plantas de eucalipto possuem a capacidade de transpirar mais durante o período chuvoso e menos nos períodos secos e quentes, pois elas são capazes de se adaptar para regular sua transpiração.
  • A profundidade do lençol freático (água subterrânea) depende da morfologia do solo e, dessa forma, o nível de água no lençol freático pode ser profundo ou superficial. O solo possui características físicas que limitam a quantidade máxima de água que pode ser retida e, por isso, o acúmulo de água no perfil do solo não depende apenas do aumento da chuva. Isso significa que solos diferentes terão comportamentos diferentes e distribuirão a água de modo diferente, ou armazenando mais água no lençol ou disponibilizando mais água nas nascentes.

Na animação abaixo, mostramos de forma didática a relação entre eucalipto e água:

Boas práticas de manejo florestal que desmistificam a crença de que eucalipto seca nascentes 

A conservação dos recursos hídricos e do meio ambiente como um todo está atrelada a um conjunto de boas práticas de manejo florestal que devem ser consideradas antes mesmo da implantação de uma floresta de eucalipto, ou de qualquer outro tipo de cultura agrícola.  Citando alguns exemplos dessas práticas:

Portanto, é o conjunto dessas boas práticas que torna o Brasil referência mundial em sustentabilidade nas operações florestais. Assim, garantimos a proteção dos solos e dos recursos hídricos, priorizando a manutenção da qualidade da nossa água.

Em resumo

A crença de que o eucalipto seca nascente atualmente trata-se de um mito. O eucalipto, assim como qualquer outra cultura, apenas representará uma ameaça às nascentes se não for plantado por meio de um manejo sustentável.

Quando são bem manejadas, as plantações de eucalipto não apenas preservam as nascentes, como também auxiliam na manutenção da qualidade das bacias hidrográficas do seu entorno e aumentam a cobertura do solo.

Assim como todas as plantas, o eucalipto precisa de água para sua sobrevivência e desenvolvimento. A partir de um manejo sustentável, percebemos que esta espécie não só não é vilã quando o assunto é o consumo de água, como também é digna de atenção por  contribuir para melhorar a qualidade dos recursos hídricos e  conservação do solo.

No vídeo abaixo, apresentamos uma microbacia que monitoramos há mais de 25 anos em uma das áreas florestais da Bracell, Bahia. Esse monitoramento é especial e importante por analisar as variações do uso da água pelas florestas plantadas de eucalipto e destacar o pioneirismo da empresa como uma das primeiras do Brasil a entrarem no Programa Cooperativo de Monitoramento e Modelagem em Microbacias Hidrográficas (PROMAB), do Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (IPEF);

Se você ficou com alguma dúvida, escreva abaixo nos comentários, que teremos um grande prazer em te responder!

Autor

Túlio Queiroz

Graduado em Engenharia Florestal, pela Universidade Federal de Minas Gerais, Túlio possui mestrado e doutorado na área, atuando há mais de 8 anos com Pesquisa e Desenvolvimento Florestal. Integra o time da Bracell desde 2020, como Pesquisador em Ecofisiologia, sendo responsável por desenvolver pesquisas que visam garantir e melhorar a produtividade e estabilidade florestal, através da geração de informações aplicadas em Ecofisiologia, Hidrologia e Manejo de Florestas Nativas e plantadas.




Autor

Geovanni Barros

Engenheiro Florestal e Mestre em Fisiologia Vegetal formado pela Universidade Federal de Lavras, Geovanni atua como Pesquisador na área de Ecofisiologia Vegetal da Bracell desde 2019.

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Comentários

Muito bom o teor desses e-mails que nos ensinam as verdades e que devemos plantar em nossas propriedades.
Gostaria de receber todas as próximas para me manter atualizado. Obrigado
carlosjunqueira22@yahoo.com.b

Fazenda Santo Inácio – Bauru- São Paulo

Olá, Carlos

Ficamos muito felizes com o seu comentário! O propósito do nosso blog é realmente esse: apresentar informações confiáveis sobre o cultivo de eucalipto e boas práticas ambientais para propriedades rurais.
Pode deixar que vamos continuar te informando por e-mail sobre as novas postagens 😉

Forte abraço!

Tudo começou quando o eucalipto foi introduzido no Brasil evplantado às margens das nascentes dos rios e riachos.

Nesse período verificou-se que os cursos dagua estavam secando.

Em 1965 a primeira lei promulgada em defesa da água foi a demarcação da preservação permanente onde era proibido a ocupação dos 50 metros das nascentes.

O rigor dessa lei foi se intensificando até se tornar, no meio florestal, uma determinação imprescindível para o plantio de eucalipto.

A partir daí o que se viu foi o convívio harmonioso entre as necessidades comerciais e ambientais no reflorestamento com espécies exóticas.

Entretanto é preciso frisar que nos anos em que a extrema direita se apoderou, tentou por diversas maneiras derrubar essa lei preservacionista, ao que foi chamada de exagero, por parte desses que entendem que o capital é um valor intocável nas relações.

Olá, Jair!

Muito obrigada por sua presença aqui e pelo seu comentário.

Volte mais vezes, semanalmente publicamos conteúdos novos no blog.

Forte abraço,

Olá, Renato

Agradecemos o elogio! Toda semana, postamos conteúdos novos sobre o cultivo de eucalipto e boas práticas ambientais para propriedades rurais.

Volte mais vezes! 😉

Forte abraço

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