Espécies exóticas e invasoras: conheça as diferenças entre elas
Espécies exóticas e invasoras: conheça as diferenças entre elas

Espécies exóticas e invasoras: conheça as diferenças entre elas

Você conhece plantas de espécies exóticas e invasoras? É comum que estes dois conceitos, exótica e invasora, sejam utilizados juntos e, até mesmo, confundidos.

Entretanto, nem toda espécie exótica é considerada invasora, como vamos esclarecer nesse artigo. 

O que são espécies exóticas?

As plantas podem ser classificadas de acordo com a sua origem, podendo ser divididas em espécies nativas e exóticas. 

As espécies nativas são aquelas originárias da região em que habitam. 

Já as espécies exóticas são aquelas deslocadas para além de sua área de dispersão natural. As espécies exóticas podem, ainda, se subdividir em introduzidas ou invasoras. 

As plantas exóticas introduzidas se caracterizam por terem sido transportadas e implantadas pela ação do homem.

Em contrapartida, as plantas exóticas invasoras se dissipam sem a intervenção humana, podendo causar impactos ambientais, econômicos e sociais.

Portanto, nem toda espécie exótica é necessariamente uma invasora.

Cultivo de espécies exóticas introduzidas no Brasil

O Brasil, com sua imensa aptidão agrícola, cultiva diversas espécies exóticas.

Quando pensamos na produção brasileira de grãos, a soja é o grande destaque. Mas uma curiosidade sobre essa oleagiosa é que ela é de origem chinesa. 

Os primeiros relatos da introdução da soja no país são do ano de 1882, no estado da Bahia, e seu cultivo comercial ganhou expressividade apenas a partir da década de 1940.

Assim como a soja, muitos outros grãos cultivados por aqui são exóticas. É o caso do trigo, introduzido na época colonial em São Paulo, e, mais tarde, no século XIX, ganhando força na região sul do Brasil a partir da chegada de imigrantes italianos e alemães.

Somos também mundialmente conhecidos pela nossa produção de café. Entretanto, o café é mais uma espécie exótica, de origem africana, mais especificamente, de origem etíope, que encontrou grande adaptação ao nosso clima tropical.

Outros exemplos de espécies exóticas introduzidas no país são a mangueira e bananeira, nativas do sudeste asiático. 

Espécies arbóreas exóticas introduzidas no Brasil 

Da mesma forma com que muitas espécies agrícolas exóticas prosperaram no Brasil, algumas espécies florestais também encontraram por aqui as condições ideais para o seu desenvolvimento.

É o caso do eucalipto, a espécie florestal mais cultivada no país atualmente. Oriundo da Oceania, o eucalipto apresenta grande importância econômica, comercial e social para o Brasil nos dias de hoje, impulsionado pelo crescimento da indústria de base florestal.

Os primeiros registros do cultivo de eucalipto em território nacional são dos anos de 1825 e 1868, no Rio de Janeiro. Hoje, pode ser encontrado nas cinco regiões brasileiras, estando perfeitamente adaptado às diferentes condições de clima e solo do nosso país.

Impactos negativos causados por espécies exóticas invasoras

Enquanto espécies exóticas introduzidas podem ser cultivadas, gerando produtividade e renda, as espécies exóticas invasoras caracterizam-se por competir com as outras plantas por recursos que permitam seu crescimento, comprometendo, assim, o desenvolvimento de plantas cultivadas.

As espécies exóticas passam a ser consideradas invasoras, portanto, quando sua introdução, reprodução e disseminação descontrolada ameaçam a diversidade biológica nativa.

Neste contexto, estas espécies invasoras passam a ser consideradas plantas daninhas, que são aquelas que ocorrem onde não são desejadas.

Estas plantas, além de serem potenciais hospedeiras de doenças e pragas, competem com a espécie cultivada por recursos como água, luz e nutrientes, causando a matocompetição. 

De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio), já foram identificadas no Brasil 146 espécies de plantas exóticas invasoras terrestres, três plantas exóticas invasoras marinhas e apenas uma de água doce.

Entre as principais espécies invasoras listadas no país, estão os chamados capins exóticos. Muitos deles vieram da África com o objetivo de servirem de pasto para os animais. 

Entretanto, estas espécies absorvem muitos recursos do solo e se proliferam com muita velocidade, tomando o lugar de gramíneas nativas. Podemos citar como exemplo a Braquiaria, o Capim-gordura e o Capim-gamba.

Controle de plantas de espécies exóticas invasoras

O controle de espécies exóticas invasoras é particularmente difícil, pois geralmente, estas plantas são resistentes e apresentam rápido desenvolvimento e dispersão de sementes.

Podemos citar cinco métodos de controle de plantas invasoras:

1 – Controle mecânico: retirada das plantas com auxílio de roçadeiras.  

2 – Controle físico: utiliza os resíduos da colheita como uma barreira física para a emergência de novas plantas.

3 – Controle químico: consiste na aplicação de herbicidas capazes de eliminar ou suprimir espécies específicas.

4 – Controle biológico: utiliza predadores naturais das plantas não desejadas, como rebanhos para pastejo de espécies invasoras.

5 – Controle cultural: são práticas que visam favorecer o desenvolvimento da espécie cultivada em detrimento da espécie invasora.

Para concluir

Como vimos, as espécies exóticas são aquelas que não são originárias do ambiente em que estão se desenvolvendo.

O fato de uma planta ser de uma espécie exótica não significa, por si só, que ela ofereça risco à biodiversidade do local em que ela se encontra. No Brasil, por exemplo, são inúmeros os casos de plantas exóticas altamente adaptadas, que estão sendo cultivadas em larga escala com excelentes resultados produtivos.

O eucalipto, principal espécie florestal cultivada no país, é um exemplo de espécie exótica que se adaptou às condições climáticas locais, agregando diversos benefícios econômicos e sociais para as comunidades em que é cultivado.

Quando bem manejadas, as espécies exóticas se desenvolvem apenas nos locais em que foram plantadas. 

Já as plantas exóticas invasoras, ao contrário, se propagam sem a intervenção humana, desenvolvendo-se em locais indesejados e competindo com o desenvolvimento de espécies nativas ou cultivadas, o que chamamos de matocompetição. Por essa razão, podem comprometer o patrimônio natural e genético da região em que estão inseridas.

Se você ficou com alguma dúvida sobre plantas de espécies exóticas e invasoras, escreva abaixo nos comentários! 

Autor

Deivison Santana

Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, especialista em Análise e Ciência Ambiental e em Gestão Ambiental em Municípios. Com larga experiência na área ambiental, Deivison atuou durante 14 anos como servidor público municipal, dentre os quais foi coordenador técnico da Secretaria de Meio Ambiente, realizando atividades como extensão rural e perícias judiciais em processos de reintegração de posse de terra. Integra o time da Bracell desde 2019, atualmente como analista de Meio Ambiente.

Conte-nos o que achou do texto

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notifique-me por e-mail quando meu comentário for respondido.

Comentários

Olá Sergio, tudo bem?

Muito obrigada pelo seu comentário. Ficamos muito felizes que tenha gostado do texto.
Volte mais vezes, toda semana publicamos novos conteúdos.

Forte abraço!!

Outras publicações que você pode gostar

Receba o contato de um especialista da Bracell para conhecer melhor o nosso modelo de negócio florestal

Preencha o formulário e, em até 3 dias úteis, um
especialista Bracell entrará em contato com você.










    Não se preocupe, suas informações estarão seguras.