Área onde tinha eucalipto agora produz laranja
O céu azul da manhã contrasta com o verde viçoso do laranjal na fazenda Salgado Laranjeira, em Inhambupe, Bahia. Entre as fileiras de árvores plantadas há cinco anos, o sergipano Edson Santos Rezende, administrador regional do Grupo Elizeu Rezende, observa as plantas carregadas de laranjas em uma área que já foi destinada ao cultivo de eucalipto.
A atividade faz parte de sua rotina há 25 anos, quando iniciou a carreira como cabo de turno e depois foi balanceiro, encarregado de turma, tratorista e motorista de caminhão. A experiência ajudou a prepará-lo para assumir a gestão do negócio na Bahia, em 2004, liderando cerca de 800 pessoas.
Os desafios diários continuam moldando seu perfil e apurando sua percepção sobre a citricultura, setor em que o grupo, que tem sede em Sergipe, é um dos líderes de mercado no Nordeste.
Segundo Edson, o fato de aquele terreno ser uma área onde o plantio de eucalipto durou 40 anos não interferiu na qualidade do solo. Com 268 hectares, a fazenda Salgado Laranjeira segue a tendência de evolução da produtividade de outras propriedades do grupo no Litoral Norte e Agreste da Bahia.
“Há 20 anos, a média era de 15 toneladas por hectare. Hoje, já colhemos entre 35 e 40 toneladas por hectare e temos potencial para chegar às 50 toneladas”, explica “Sinho”, como ele é conhecido.
Foto: acervo Bracell
Área onde tinha eucalipto recebe outras culturas
Após a retirada dos tocos de eucalipto, os novos proprietários da fazenda consorciaram o plantio de laranja com milho. Sinho lembra que o questionamento sobre plantar numa área onde tinha eucalipto foi feito logo no início. Porém, com o manejo correto, os ajustes e o acompanhamento da cultura, a percepção mudou.
“Achar que o solo, após o eucalipto, não poderia receber outra cultura, era mais uma questão de pouco conhecimento. Para gente, isso não faz mais parte daquela linha de raciocínio. Não tem qualquer problema. O eucalipto não causa nenhuma queda de produtividade”, afirma.
A respeito desse assunto, leia também: “Verdade ou mito: plantação de eucalipto prejudica o solo?”
Na opinião dele, a atividade de florestas de eucalipto na região não compete com outras e nem ameaça a citricultura.
“Tem muito espaço. A citricultura recuou há cerca de dez anos, por conta mesmo de valor agregado e das secas que ocorreram entre 2012 e 2015”, relembra. “O nível de tecnologia usado na citricultura, naquela época, não nos dava condições de enfrentar a seca e isso dizimou algumas áreas. Nos últimos dois anos, no entanto, vivemos um cenário positivo para a região.”
Atualmente, o executivo também planta milho, com bons níveis de produtividade, em outra propriedade onde tinha eucalipto.
Eucalipto diversifica atividades agrícolas
A oportunidade de diversificar as atividades agrícolas da região, ampliando as fontes de renda dos proprietários de terra, contribuiu para a criação de iniciativas como o Programa Cultive Eucalipto, desenvolvido pela Bracell, que envolve os produtores rurais no ciclo de produção florestal da empresa.
Esse programa tem o objetivo de fomentar uma atividade produtiva a mais, aproveitando a vocação florestal da região e contribuindo para agregar ao campo novos negócios com excelentes possibilidades de retorno financeiro e com cuidados ambientais importantes.
Incentivo à atração de tecnologia
Para o produtor de citros, a presença de empresas como a Bracell na região ajuda a promover a adoção da tecnologia no campo. Ele enxerga como uma oportunidade de conhecer modelos de desenvolvimento e de adaptá-los ao próprio cultivo.
“Quando se está do lado de grandes empresas, a gente consegue ver a capacidade produtiva delas e se espelhar. Sem dúvida, as experiências bem-sucedidas do setor florestal podem inspirar outros segmentos da agricultura. Cabe ao produtor buscar a tecnologia e adaptá-la à sua necessidade”, afirma Sinho.
Um exemplo é o contato com a técnica de subsolagem, que quebra as camadas superficiais do solo, facilitando o desenvolvimento das plantas.
“Antes, os citros eram plantados em covas em que mal ia algum adubo. Eram doses homeopáticas. Hoje, a gente faz a subsolagem que veio da evolução trazida para a cultura do eucalipto. Isso colaborou muito e, junto com outros investimentos para tornar as plantas mais tolerantes à seca, a produtividade mais do que dobrou”, observa.
Sinho ainda destaca o compartilhamento de novas tecnologias como algo positivo e a atuação da Bracell na atração de investidores e empresas multinacionais. Esses agentes também apresentam soluções inovadoras.
“É uma coisa atrelada à outra. Temos, no Nordeste, manga, uva, goiaba. A gente precisa estreitar o relacionamento com grandes empresas para que a difusão de informação chegue a outras pessoas e fortaleça a economia e a qualidade de vida da população”, finaliza.
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